quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Infarto Ósseo - indicação de OHB.

INFARTO ÓSSEO - INDICAÇÃO de OHB


  Você já ouviu falar em Infarto Ósseo? Se pensou que infarto é sinônimo exclusivo de falência cardíaca, saiba que infarto é um termo técnico que designa a morte aguda de células por falta de suprimento sanguíneo. Assim, qualquer tecido do corpo pode sofrer um infarto. Com os ossos não é diferente.
   Estima-se que no EUA, de 10.000 a 20.000 novos casos são diagnosticados a cada ano. Os fatores desencadeantes são muitos: Uso crônico de corticoesteroides, mergulho profissional, doenças auto-imunes, traumas leves... A maioria dos pesquisadores acredita na associação de predisposição genética, alterações nos vasos sanguíneos no osso acometido, e o fator desencadeante como causa mais aceita.
   Mergulhadores comerciais são uma população particularmente de maior risco, por terem bolhas gasosas circulantes, capazes de embolizar o osso. Por isso são acompanhados de perto pelo Médico Hiperbárico, com exames de imagem periódicos.
   A interrupção do fluxo sanguíneo no local leva a morte celular, resposta inflamatória e inchaço dentro do osso. O espaço confinado dentro do osso, com pressão aumentada, fecha um ciclo vicioso de mais interrupção do fluxo sanguíneo (isquemia) e mais sofrimento ósseo. Ocorre reabsorção óssea com desarranjo da arquitetura original do osso. Tardiamente, poderá ocorrer desalinhamento articular que evoluirão com desgaste anormal da cartilagem e consequentemente, osteoartrite. O paciente sofre com dor desproporcional e limitação funcional daquela articulação. Edema pode ser notado. As áreas mais afetadas são as extremidades do fêmur (quadril e joelho) e do úmero (cotovelo e ombro).
   É sabido que a Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) hiperoxigena o corpo inteiro de um paciente através da via respiratória. Mesmo com interrupções no fluxo sanguíneo e com edema confinado no interior do osso, há distribuição de oxigênio nas áreas afetadas por difusão. A oferta de oxigênio diminui a área de sofrimento isquêmico, diminuindo a morte celular. Este é o principal benefício da OHB como tratamento adjuvante do Infarto Ósseo.
   Mas não para por aí. ANGIONEOGÊNESE é a formação de novos vasos sanguíneos. Fenômeno de regeneração natural do corpo, que não devolve os vasos sanguíneos originais, mas garante algum suprimento de sangue numa área lesada anteriormente. O processo é facilitado pela OHB, oferecendo melhores chances de cicatrização do osso lesado. Em adição, o inchaço intra-ósseo diminui, interrompendo o ciclo vicioso citado.
   Clinicamente, o paciente tratado com OHB adjuvante tem redução precoce da dor e da incapacidade funcional e tem seu tempo de recuperação diminuído. Pacientes tratados precocemente tem menor desgaste tardio da articulação, portanto tem menos chances de serem submetidos a uma cirurgia agressiva de prótese total da articulação.
   Portanto a OHB é uma ótima ferramenta no tratamento precoce do infarto ósseo agudo, doença que traz dor incapacitante e muda para sempre a rotina do paciente. O tratamento é capaz de auxiliar na limitação da área lesada e na recuperação do tecido sofrido. O timing é fundamental, visto que uma área já infartada será substituída por cicatriz com menor função do que o tecido original. É necessário um alto grau de suspeição por parte do médico examinador e encaminhamento precoce à clínica de Oxigenoterapia Hiperbárica.



  Por Bruno Parente, médico hiperbárico e do mergulho.