Barotrauma de Orelha Média
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O barotrauma de orelha média é a complicação mais comum no mergulho. Estima-se que 80% dos mergulhadores venham sofrer este barotrauma, em intensidades variáveis, em algum momento da sua vida de mergulhador.
O barotrauma pode ser leve, quando só há uma dor de ouvido passageira e mínimas alterações ao exame (geralmente só “vermelhidão” no tímpano), moderado, ou grave, podendo haver ruptura do tímpano, com prejuízo da audição.
Para a compreensão do mecanismo das alterações clínicas do mergulho, incluindo o barotrauma de orelha média (e de todos os demais, como de seios da face, de máscara...), o entendimento dos conceitos é essencial.
De acordo com a Lei de Boyle, o volume de ar varia de forma inversamente proporcional à pressão.
Lei de Boyle - Se a pressão aumenta, o volume diminui. Se a pressão diminui, o volume aumenta.
Considerando que a orelha média é uma cavidade aérea, se o mergulhador aprofunda, a pressão sobre suas cavidades aéreas aumenta e, consequentemente, o volume de ar diminui, puxando o tímpano para dentro, o que é doloroso.
Tímpano sendo puxado para dentro, pela redução do volume de ar na cavidade da orelha média.
Será necessária uma compensação da pressão para que o volume se mantenha em equilíbrio: mais ar deverá entrar na cavidade.
Compensação: joga ar na cavidade da orelha média, restabelecendo o equilíbrio.
O tímpano volta à sua posição natural.
Esta compensação é possível devido à ligação que existe entre a parte posterior do nariz (rinofaringe) e a orelha média: a tuba auditiva. A tuba será a responsável pela entrada e saída de ar da orelha média, mantendo o equilíbrio da cavidade diante as variações de pressão durante o mergulho. A entrada de ar para compensação na descida do mergulho exige movimentos voluntários, como as manobras de Frenzel e Valsalva.
Anatomia. Tuba auditiva conectando o nariz à orelha média.
Se essa tuba não funcionar bem, não permitirá a compensação necessária pela variação de pressão atmosférica durante o mergulho = barotrauma.
Quando o mergulhador sobe, ocorre redução da pressão ambiente, então o volume aéreo nas cavidades aumenta. Neste momento há saída de ar da orelha média pela tuba auditiva, para que o tímpano não seja empurrado para fora pelo “excesso” temporário de ar.
Subida do mergulho:
Observe o tímpano sendo "empurrado" para fora pela expansão do volume de ar.
Diferente da descida, na subida a compensação é espontânea, a não ser que algo incomum aconteça – veja o post sobre barotrauma de subida - A tuba se abre naturalmente, o mergulhador não precisa fazer manobras de compensação. Manobras como deglutir, lateralizar a mandíbula, podem facilitar a saída do ar. Por outro lado, o mergulhador não deve fazer manobra de Valsalva, pois isso jogaria ar na cavidade da orelha média, que já está em excesso, aumentando a diferença entre as pressões, expondo o mergulhador ao Barotrauma de Subida.
Principais causas de barotrauma de orelha média:
Obstrução nasal (pode ser algo temporário, como um resfriado; pode ter origem alérgica; pode ser mecânica, como um desvio de septo grande, ou a presença de adenoides ou pólipos nasais...).
Erro de técnica de compensação (ansiedade, inexperiência dificultam a adequada realização de manobras de compensação).
Incompetência da tuba auditiva (que pode ser transitória - como em casos de inflamação aguda- ou permanente).
Porximidade da superfície. Como a variação da pressão é mais notável nos primeiros metros de mergulho, geralmente o barotrauma ocorre próximo da superfície.
Velocidade do mergulho. Se o mergulhador aprofunda com muita velocidade, reduz a capacidade de adaptação das cavidades aéreas ao aumento da pressão. Isso aumenta a chance de barotraumas.
Como evitar o barotrauma de orelha média:
- Não mergulhe com o nariz congestionado. Se o mergulho é inevitável, procure uma avaliação com o otorrino ou médico do mergulho para uma prescrição que tente minimizar os riscos de barotrauma.
- Corrija as obstruções mecânicas importantes, como um desvios grandes de septo, pólipos nasal...
- Evite fumar e não se exponha a substâncias tóxicas irritantes à mucosa nasal.
- Não faça uso de medicamentos vasoconstrictores tópicos (aqueles, como os famosos Neosoro, Afrin...) sem prescrição médica. – veja o post sobre barotrauma de subida -
- Tenha o hábito de higienizar diariamente as narinas com solução fisiológica (tipo soro fisiológico). Isso ajuda a na hidratação local, na remoção de partículas alergênicas e irritativas (como ácaros, poeira, fumaças tóxicas), faz uma limpeza mecânica, estimula o batimento dos cílios nasais para a remoção de impurezas e dificulta o desenvolvimento de vírus e bactérias.
- Não realize manobra de Valsalva na subida.
- Pratique as manobras de compensação na superfície e realize-as na descida antes mesmo de sentir a "pressão" no ouvido.
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