sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Barotrauma reverso de orelha média

XtremeMed

O Barotrauma Reverso ou Barotrauma de Subida é um Barotrauma de Orelha Média que ocorre por um mecanismo inverso ao mecanismo do Barotrauma comum, de descida. Ao invés de ocorrer desequilíbrio de pressões durante a descida, ocorre na subida. Analogamente, estão diretamente relacionados à Lei de Boyle ( Volume varia inversamente à Pressão 1 = V/P).


Durante toda a descida, equilibramos as pressões entre meio externo e ouvidos, usando as manobras de compensação (Valsalva, Frentzel, etc). Seja no mergulho autônomo, mergulho dependente, sessão de oxigenoterapia em câmaras hiperbáricas ou mergulho em apnéia, o ar é injetado nos ouvidos através das tubas auditivas (comunicação nariz - garganta), para compensação da variação da pressão.

Anatomia. Tuba auditiva conectando o nariz à orelha média.
Se essa tuba não funcionar bem, não permitirá a compensação necessária pela variação de pressão atmosférica durante o  mergulho = barotrauma.

Já na subida para retorno à superfície, a diminuição de pressão ambiente criará um excesso virtual de ar nos ouvidos: Pressão Maior. Em situações normais, o ar passaria facilmente pelas tubas auditivas e seria descarregado na faringe, aliviando a pressão e esse excesso de ar. Entretanto, na existência de uma obstrução na tuba auditiva, o ar não passará e a diferença de pressão - Ouvido X Meio Externo - ficará maior a cada metro mais próximo da superfície. O ar aprisionado sofrerá expansão, esticando as estruturas da orelha méda, marcadamente a membrana timpânica.
O barotrauma poder ser leve, quando só há uma dor de ouvido passageira e mínimas alterações ao exame, moderado, ou grave, podendo haver ruptura do tímpano, com prejuízo da audição.
Caso apenas um ouvido sofra com o aprisionamento dor ar, o mergulhador poderá experimentar tontura e desorientação de grau variável, de leve á incapacitante - Vertigem Alternobárica. Há relatos de acidentes graves de mergulho por conta de vertigem altenobárica na subida, com desorientação severa e incapacidade de alcançar a superfície.
Muitos casos ocorrem por conta do uso incorreto de descongestionantes nasais, na vigência de obstrução nasal inflamatória ou por secreção, durante estados gripais ou alérgicos. O mergulhador aplica o remédio sem orientação, executa o mergulho, mas o efeito do remédio passa durante o mergulho e o nariz torna a congestionar. Sem saber, o mergulhador regressa para a superfície ao término do seu tempo de fundo e experimenta a dificuldade de equalização na subida. Pode ocorrer em qualquer modalidade de mergulho.


 
Subida do mergulho:
Observe o tímpano sendo "empurrado" para fora pela expansão do volume de ar.

Principais causas de barotrauma de orelha média:

  • Obstrução nasal (pode ser algo temporário, como um resfriado; pode ter origem alérgica; pode ser mecânica, como um desvio de septo grande, ou a presença de adenoides ou pólipos nasais...).
  • Incompetência da tuba auditiva (que pode ser transitória - como em casos de inflamação aguda- ou  permanente).
  • Velocidade do mergulho. Se o mergulhador retorna com muita velocidade, reduz a capacidade de adaptação das cavidades aéreas ao aumento da pressão. Isso aumenta a chance de barotraumas.
  • Lembre-se "Boyle é implacável".

Como evitar o barotrauma de orelha média:

  • Não mergulhe com o nariz congestionado. Se o mergulho é inevitável, procure uma avaliação com o otorrino ou médico do mergulho para uma prescrição que tente minimizar os riscos de barotrauma.
  • Corrija as obstruções mecânicas importantes, como um desvios grandes de septo, pólipos nasal... 
  • Evite fumar e não se exponha a substâncias tóxicas irritantes à mucosa nasal.
  • Não faça uso de medicamentos vasoconstrictores tópicos (aqueles, como os famosos Neosoro, Afrin...) sem prescrição médica.
  • Tenha o hábito de higienizar diariamente as narinas com solução fisiológica (tipo soro fisiológico). Isso ajuda a na hidratação local, na remoção de partículas alergênicas e irritativas (como ácaros, poeira, fumaças tóxicas), faz uma limpeza mecânica, estimula o batimento dos cílios nasais para a remoção de impurezas e dificulta o desenvolvimento de vírus e bactérias.
  • Não realize manobra de Valsalva na subida.

Como tentar corrigir a descompensação:

  • Nunca realize manobra de Valsalva na subida.
  • Desca alguns poucos metros.
  • Retire o bocal, faça o inverso de Valsava, exercendo pressão negativa na garganta, como se sugasse com boca e nariz tampados.
  • Suba lentamente.
  • Incline a cabeça levemente para cima, então para os lados alternadamente, abrindo a boca e leve a mandíbula de um lado para o outro.Não faça Não mergulhe com o nariz congestionado.
  • Se o mergulho é inevitável, procure uma avaliação com o otorrino ou médico do mergulho para uma prescrição que tente minimizar os riscos de barotrauma.



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